As palavras haviam ficado mudas, sem nexo, em puro desalinho. Na folha de papel as letras teimavam em fugir e as ideias e sentimentos tornavam-se difíceis de verbalizar.
A escuridão adensava-se tentando diluir-me em si. Tentei fugir, gritar, reagir, mas a apatia dominava-me e apenas conseguia ficar quietinha no meu canto, de ouvidos tapados e olhos cerrados recusando-me a acreditar.
E assim procurava os traços de outrora e aquele" não sei quê" que te tornava real, na minha memória essa lembrança era tão nítida que quase conseguia materializar-te ali, bem ao meu lado.
Mas nesse momento as trevas alcançaram-me, obrigando-me a encarar a verdade. Relembrar que aquela era apenas e só uma simples e inútil recordação, personificação de um tempo ido e não do agora.
Cortei todas as amarras, rompi com o passado, proibi as lembranças, esqueci os sorrisos e recordei todo o tormento, libertando-me por fim.
A medo fui abrindo os olhos, agora apenas num profundo e pesaroso vazio me encontrava.
Ao acordar os mesmos aromas, os mesmos sítios, tudo tão igual e tão diferente ao mesmo tempo!
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