23.12.10

o texto que nunca te invi(ar)ei


Hoje, todas as linhas escritas, todas as palavras sentidas, todo o sentimento reprimido me parecem tão insignificantes, tão
idiotas....leio e releio textos que sei serem meus e recordo todas as lágrimas
caídas durante a sua composição...mas a recordação é vaga, como se as memórias
fossem de outro alguém, como se de um sonho se tratasse e daí resultar algo tão
dúbio...
Leio uma vez mais todos os textos onde em vãs e toscas tentativas
tentei encobrir a verdade, leio e não consigo evitar rir-me de tamanha estupidez!
Hoje olho para trás e não encontro as razões que justifiquem as palavras, o
sentimento, a confiança e segurança. Recordo vagamente de um dia já ter sido
capaz de as enumerar, de apontar todas e cada uma delas, claramente...mas se as
procuro entre os traços largos do presente apenas me deparo com esta sensação de
estupidez pura e simples.
Estupidez nas palavras, nos actos, nos
sentimentos, nas ilusões e esperanças. Estupidez e ingenuidade na atitude
tomada, ingenuidade tão característica dos que trilham pela primeira vez terra
desconhecida e a estupidez que caracteriza o amor! Se amamos, se realmente
gostamos, agimos como genuínos idiotas, mas também se assim não fosse amor não seria
amor.
Hoje tudo parece não ter passado de uma grande estupidez, ter exposto
assim todas as dúvidas, todos os receios e sentimentos, parece mas não foi pois não
retiraria uma vírgula por mais parvo que fosse, era apenas o reflexo do que
sentia por ti, se tal o fizesse trairia a minha forma de ser e estar no mundo,
sou sincera acima de tudo, mesmo quando as palavras proferidas não têm eco em quem
as ouve, mesmo quando o silêncio de quem as acolhe me dilacera o peito e hoje,
negar todas as letras, palavras e textos seria minimizar todos os momentos,
todos os sentimentos e todas as aprendizagens.
Hoje, se algo existe a
lamentar, é não ter saído uma paragem mais cedo do comboio de emoções que o teu
nome acarretava, uma não, várias!!! Pois hoje, todos os motivos e razões que me
fizeram permanecer em tal rodopio de sentimentos parecem mentira ou pelo menos,
não se mostram suficientemente significativos para tal atitude, não de ambas as
partes. Mas não foi em vão, nada o é, se dos destroços de uma amizade nada se pode
aproveitar pelo menos a experiência permanece, qual sentinela atenta a qualquer
tentativa de repetição de erros passados.
Agora de todo esse emaranhado de
dúbias emoções apenas tristeza e pena restam por ver em ruínas algo que julguei
tão nosso, tão verdadeiro, tão importante para ambos, por ter que admitir que não
és mais um porto de abrigo das tempestades da minha vida, a palavra certa em
momento oportuno e não seres mais do que capítulo fechado no livro da minha
vida...
Se estou magoada? Estou. Desiludida? Muito, mais do que contigo,
do que comigo...connosco, por não termos sido capazes de manter viva a causa maior
sem a qual nada teria e valeria a pena!


"O amor é o mestre admirável que nos ensina a ser o que nunca fomos, mesmo que muitas vezes as suas lições mudem completamente os nossos costumes" - desconheço a autoria

30.9.10

Do sentimento de impotência...


Certa vez alguém me disse “…Tens esse dom.... Alem de seres imensamente sentimental e carinhosa com o próximo, consegues perceber os problemas que afectam os outros e as suas angústias…”Talvez tenha razão, talvez saiba “ler almas”, perceber pessoas, talvez preste uma atenção especial a todas as entrelinhas que estão subjacentes a determinada conversa, ligue gestos a olhares e ouça palavras gritadas em silêncio…
Ou talvez não e apenas aquilo que vejo, pressinto ou especulo esteja bem patente em todas essas pessoas, bastando apenas um olhar mais prolongado do mundo que as rodeia, talvez haja apenas quem precise de ser ouvido e apenas eu me limite a estar no sítio certo em hora oportuna.
Contudo a verdade é que por vezes dou por mim a ser testemunha de mágoas e dores alheias, limitando-me a ouvir desabafos, secar lágrimas, dando palmadinhas de conforto e balbuciando palavras, conselhos ou opiniões…
Mas e quando isso não parece ser suficiente? Para que serve esse “dom” quando apenas ouvir e/ou aconselhar parece tão insignificante? Como acalmar o sentimento de impotência e toda a angustia de querer fazer sempre mais mas não saber o quê ou como?


"As grandes oportunidades de ajudar os outros raramente acontecem,
 mas as pequenas surgem todos os dias."
Desconheço a autoria

8.9.10

Pelo Sul...



Rumo a sul, medo e excitação fundiam-se num só, perguntas e dúvidas assaltavam-me a mente.
Pelo sul, belas, diversas e diferentes paisagens envolveram-me num doce e terno abraço, o burburinho das ondas do mar e do silêncio alentejano, silenciou todas as dúvidas, mágoas e medos que assolavam a minha alma e por alguns dias uma tão desejada paz acalentou o meu espírito.
Em pleno sul miminhos aconchegaram-me o ego, pessoas mudaram a minha forma de ver o mundo, marcaram a minha vida. Por breves instantes voltei a ser criança, corri descalça pela areia molhada, brinquei com as ondas, construí castelos dos quais era soberana.
No sul recarreguei baterias, reforcei forças e reencontrei-me…


Ao som de:Rumo ao sul - Ana Moura

"Aquele que parte nunca é o mesmo que regressa" 
Octavio Ianni

5.8.10

Já te aconteceu?

Já te aconteceu…
Palavras bonitas anularem completamente todas as duras críticas?
Qualidades abafarem defeitos por muitos que sejam e por muito que te irritem?
Algo poder ser tão bom e tão mau ao mesmo tempo?
Alguém ser capaz de ter fazer sorrir e chorar simultaneamente?
Quereres fugir o mais rapidamente possível para o lugar mais longínquo mas ainda assim dares por ti a permanecer no mesmo sítio?
Compreenderes que te encontras presa num ciclo vicioso, cometendo os mesmos erros, tomando as mesmas decisões continuadamente, mesmo sabendo a partida que o caminho a seguir deveria ou teria de ser outro?
Já te aconteceu…
Chegar ao ponto de não saber o que fazer, como lidar com algo ou alguém?
Parecer que todas as tuas palavras ou atitudes são mal entendidas e mal interpretadas?
Apenas querer atenção e carinho, demonstrações de afecto e de amizade?
Apetecer-te deixar de frequentar os mesmos lugares, de veres as mesmas pessoas e partir a descoberta d algo novo, de algo que por momentos te faça esquecer todo o que por dentro te consome e te impede de avançar?
Já te aconteceu?




"Nao se preocupe em entender a vida, viver ultrapassa qualquer entendimento!"
desconheço o autor

18.7.10

Não vou por ai....


Não vou por ai, se ir por ai me fizer perder de mim mesma, se não for capaz de mostrar gentileza a quem por mim passar só porque algures na estrada percorrida alguém me presenteou com animosidade.
Certamente não irei por ai se pretenderes que faça das excepções, regras, e me comporte tal qual como a maioria do mundo se comporta. Recuso-me a deixar-me ser algo menos que sonhadora.
Não sou nem quero ser aquilo em que teimas em me querer transformar. Serei então uma idealista inveterada e incorrigível, se assim preferires, por procurar incessantemente a bondade, altruísmo e amabilidade da humanidade e por muito que me tentes dissuadir acorrentando os meus pés ao chão, mostrando-me inúmeros dissabores e amargos de boca nesta multidão que me rodeia e que um dia achei amistosa…mesmo assim não irei por ai.
Prefiro ir por aqui, trilhar sozinha um novo rumo, refutando todas as tuas provas e argumentos contra. Por aqui, por onde vou, encontro pessoas raras, tão espontâneas que anulam a inimizade de todos esses casos, com os quais teimas em me confrontar.
Por aqui sigo sozinha, bem o sei, de braços abertos e prontos para rodearem num abraço sentido, quem a isso estiver disposto. Chamas-me ingénua, mas ingénua já não sou. Não parto, convicta que não encontrarei esses espinhos que definem a tua trilha, simplesmente parto sabendo que esses serão facilmente abafados pelo perfume e textura de tão belas rosas!
Apelida-me de insana e de masoquista então, contudo, ainda assim não abdicarei dos meus gostos e maneira de ser, continuarei a gostar dos mesmos tipos de livros e filmes, dos clichés românticos e previsíveis, dos “coraçãozinhos na cabeça” e da visão mais ou menos cor-de-rosa do mundo. Serei louca por fim, mas pelo menos não serei mais uma céptica incapaz de ver para além do óbvio, para quem tudo terá que ser preto ou branco.
Irei por aqui, pois só por aqui poderia e saberia ir.



Não, não vou por aí!

Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?


José Régio in Cântico Negro

( a inpiraçao para o texto)

8.7.10

...a ti



"Vem, permanece ao meu lado apenas alguns minutos, tenta encaixar-me nessa tua agenda sempre tão preenchida e segreda ao meu ouvido a tua fórmula mágica!
Confidencia-me o segredo por detrás do sorriso constante com que encaras a vida e da gargalhada contagiante e tão única com a qual combates as ironias do destino.
Ensina-me a eliminar os fantasmas do passado sem deixar que eles me definam ou me levem de vencida.
Espera! Fica apenas um pouco mais…deixa-me então revelar-te algo: admiro-te, sabias?
Admiro a tua garra, a tua tenacidade, a tua alegria de viver. Aprecio a forma como encaras os teus problemas e os superas quando seria muito mais simples e fácil cruzar os braços e deixar-te ser engolida por eles.
Prezo cada abraço que me cedes parecendo sempre saber o quão dele preciso, sem nada perguntar, sem nada dizer, apenas me envolvendo silenciosamente em teus braços sorrindo…
Admiro-te ainda por com um simples olhar decifrares a minha alma, vendo-me realmente e com uma pergunta tão natural (“está tudo bem?”) conseguires quase fazer ruir por completo, os muros com os quais me protejo.
Sabes? Talvez tenha sido como tu dizes, talvez tenha sido o facto de termos histórias de vida similares, o que me levou a gostar instintivamente tanto de ti logo no inicio.
Confessas ser mútua esta minha admiração (não percebo muito bem porquê, quando apenas ambiciono ser um pouco mais parecida contigo), mas a ti confesso seres tu o modelo que tomo como exemplo e pelo qual me tento guiar sempre a vida teima em me ralhar! =)
Agora sim, já podes partir e voltar a esse constante corrupio em que vives (talvez o segredo resida ai mesmo, sem seres capaz de te abstraíres no meio da multidão, ocupares de tal modo o teu tempo que não sobrem segundos para puderes lamentar os percalços do caminho ou talvez não e seja mesmo apenas e só essa tua maneira de ser tão especial, tão tua…)
Adoro-te pela amiga, adoro-te pela mulher mas adoro-te sobretudo pelo bonito ser humano que és..."


"Sabe quando a gente pensa alto? Porque acha impossível existir alguém que pense tão igual ? E vem você e diz que também se sente assim…"
desconheço a autoria

"

11.6.10

devaneio II

Quando a noite cai, quando o silêncio deixa de ser abafado pelo barulho do dia e a solidão reina…tento reencontrar-me e redefinir-me no escuro do meu quarto. Tento recuperar os traços, por mim mais queridos, de uma personalidade perdida…
Depois de tantas batalhas travadas, de tantas encruzilhadas e percalços enfrentados, perdi-me de mim própria e hoje sou incapaz de dizer quem ou como sou! Não lamento nenhuma das duras batalhas, de todas sai vencedora, com todas aprendi e cresci. Cada uma ensinou-me que sou mais forte do que acho ou do que pareço, contudo cada uma levou consigo a pouco e pouco, talvez, o que de melhor havia em mim…
Hoje apenas lamento a perda daquela menina ingénua que via o mundo a cor-de-rosa, dava sempre o melhor de si sem olhar a quem e acreditava no melhor das pessoas. Hoje lamento não conseguir mais olhar para alguém não estando de pé atrás sobre as suas reais intenções, não ter vontade de ajudar só por ajudar e sentir me bem com isso… Lamento ter perdido o dom (se alguma vez o ouve) de instantaneamente conhecer as pessoas, de as escutar e ajudar como puder…
Vejo-me incapaz de investir em novas relações com medo de novamente sair desiludida, afasto-me mais e mais das que já existem e isolo-me no meu mundo vazio de vontade e cheio de apatia…Certezas diluem-se e vejo-me a aceitar e a perdoar atitudes que antes não seria capaz…
Não sei dizer quem sou nem quem não sou, não sei de onde venho, onde estou nem para onde vou…
Lá fora o sol nasce, mais uma noite que termina sem que eu tenha conseguido ser bem sucedida na minha demanda.


"Que a coragem não me falte, ao acordar
Que o olhar não se turve, se chorar
Que os ombros não se curvem, se pesar
Que o sorriso não esmoreça, se gelar
Que o meu passo não vacile, se doer
Que o sonho não desista, se sofrer
Que as mãos não se fechem, se perder
Que o medo não me vença, se vier
Que, enfim, o dia nasça devagar
E a lua, devagar, vá descansar
Que eu preciso de mim para viver
E não passo sem aquilo que sei ser."
Maria Carrilho

10.6.10

Ausência



"Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?"

13.5.10

Queres que seja sincera ou que diga aquilo que pretendes ouvir?



Queres que seja sincera ou que diga aquilo que pretendes ouvir?
A verdade é que quando me perguntas se estou bem só o fazes por descargo de consciência ou então por ser aquela pergunta banal que toda a gente faz…e quando eu te respondo que sim, é apenas porque não pretendo falar do assunto, quando sei que a preocupação não é sincera, quando o meu orgulho se sobrepõe a qualquer vulnerabilidade.
Então digo aquilo que pretendes ouvir e omito a verdade, mesmo quando só a ti a seria capaz de admitir…
Queres que seja sincera ou que diga aquilo que pretendes ouvir? Não digas que ambas são a mesma coisa se quando te confio as minhas inseguranças e receios, mesmo meios camuflados, te mostras incapaz de prestar atenção às palavras que pela minha boca desfilam!




" Não é bom que toda a verdade revele tranquilamente a sua essência; 
e muitas vezes o silêncio é para o homem a melhor decisão." 
Píndaro

9.4.10

Olhas-me…mas ainda me verás realmente? Para além das palavras, dos gestos, dos subterfúgios?
Ouves-me…mas por trás desse aparente desinteresse, será que na realidade me escutas?
A diferença não reside nos grandes actos, mas sim nos mais mundanos, banais e quiçá para ti insignificantes. Não no que é dito, mil vezes repetido, mas em todas as palavras abandonadas face à indiferença perante o dize-las ou não, na recusa em novamente formular pedidos nunca atendidos, permanece no isolamento e no silêncio com que me blindo.
A diferença está entranhada em mim….reflectida em ti e espelhada em nós…
(...)
"Para que gritar, quando o próprio silencio berra?" 
Desconheço a autoria

31.3.10

Devaneio


Evitas o que eu procuro, negas o que eu afirmo.
Insistis e buscas quando eu desisto e fujo.
Quando eu não quero ficar, tu permaneces.
Para ti guardas tudo o que eu não me inibo de dizer.
Do que me define entendes o que eu menos percebo.
Calas as palavras quando mais as quero ouvir.
Não entendes os meus silêncios.
Não percebo os teus comportamentos.
Lados opostos nos definem, discrepâncias cruciais nos marcam.
Por entre tanta diferença nos encontramos e entre tanta diferença nos perdemos e distanciamos.

14.3.10

Quando me quiseres conhecer...


Quando realmente me quiseres conhecer toma atenção aos meus silêncios demorados, a todas as palavras silenciosas que o vento rouba e leva para bem longe em vez de ligares a toda a tagarelice maçadora que me caracterizada e que de mim, pouco ou nada mostra.
Aprende a interpretar os meus olhos e não precisarás de me perguntar como estou, saberás instantaneamente se minto ou digo a verdade, se quero ficar ou fugir o mais depressa possível. Bastará um olhar e todas as tuas perguntas encontrarão resposta imediata.
Quando estiveres disposto a fazer um esforço verás que sou mais que insegurança ou negativismo, mais do que uma primeira impressão deixa transparecer. Se procurares por entre as palavras e as atitudes e estiveres disposto a “escavar” mais fundo, talvez te possas surpreender, talvez te depares com os motivos ocultos de cada palavra, de cada acção…sou mais do que pareço, do que achas e muito menos do que serei!
Não sou preto nem branco, sou cinzento-escuro quando se trata de resguardar o meu coração, quando ainda não conquistaram a minha total confiança, quando me sinto pressionada ou posta à prova e principalmente quando tenho medo de falhar e me sinto insegura…
Não sou preto nem branco, sou cinzento bem clarinho quando estou entre amigos, quando me sinto querida e acarinhada, quando os sorrisos pela casa fazem eco e palavras amigas ou encorajadoras aquecem o meu coração…
Sou mulher, sou complicada por natureza! Não é, suposto ser de fácil entendimento nem de fácil trato, entre o preto e o branco deambulo e entre tonalidades diferentes me perco contudo se a isso estiveres disposto facilmente aprenderás a distinguir todas as nuances que me definem…

27.2.10

Fronteiras


Não quero mais que passes fronteiras para ti sempre invisíveis, que conheças todos os cantos e recantos do meu mundo e que nele possas agir como se fosses dono e senhor. Não quero mais sentir-me em casa nas tuas palavras, conseguir prever atitudes e ler jeitos e trejeitos.
Nesse mundo que é o teu, quero esquecer o nome das diferentes paisagens que possui, não ser capaz de distinguir os dias nebulosos dos ensolarados nem saber onde todos os rios nascem e desaguam.
Quero refugiar-me em mim, cercar-me de muros bem altos que impeçam a tua entrada e deixar que o esquecimento engula essa passagem secreta que sempre uniu estes dois mundos entre os quais deambulo e conheço demasiado bem.
Hoje quero fazer o impensável e abandonar aquilo que tantas vezes foi o motivo de todas as decisões e o empecilho em todas as tentativas de fuga. Porque hoje a ausência é maior do que o orgulho no “nosso não sei quê…”, daquele algo que transcende as palavras e recusa qualquer tentativa de explicação…quero perder-me pelas ruas do esquecimento e não ser capaz de recordar o caminho de regresso ao meu porto seguro.
Porque hoje a emoção leva a melhor na eterna luta com a razão, quero abrir mão de tudo e simplesmente esquecer…

19.2.10

Insegura, hoje sinto-me insegura!


Insegura, hoje sinto-me insegura!
Já não sei o que é certo ou errado, se viro à direita ou à esquerda, se faço bem ou faço mal. Dou por mim perdida em pensamentos, a deixar que as duvidas assolem a minha paz de espírito.
Revejo momentos, palavras, silêncios e atitudes e já não sei dizer se foram as mais acertadas, se o fiz por achar que era o melhor para todos, a atitude mais correcta a tomar ou por apenas ser incapaz de cortar definitivamente e partir em direcção completamente oposta.
Duvido dos motivos, duvido das personalidades, duvido da importância, dos sorrisos e das meias verdades…
Insegura, hoje sinto-me insegura….e no meu de tanta insegurança e falta de confiança em mim própria, finalmente percebo que não posso ter a atitude mais ajustada, ficar calada e não espernear, ser a boa menina do costume, fechar os olhos aos pormenores que me magoam e fingir acreditar que existe um valor maior que fará todo o suplício valer a pena!
Finalmente percebo, os revezes de se ser demasiado boazinha para demasiadas pessoas em demasiadas tentativas de agradar, culpa desta mania de ter que ser perfeita sabendo que nunca o serei!
Insegura, hoje sinto-me insegura e como tal mando tudo "à fava", estou farta de manter o sorriso quando ele apenas quer desaparecer, farta de desviar o olhar e fingir não ver, farta de ignorar aquela dorzinha teimosa que persiste dia após dia e comportar-me como se tudo já pertencesse ao passado…
Apetece-me dizer que odeio tudo e todos! Gritar ao vento como a situação é injusta, dar-me palmadinhas nas costas e reconfortar-me por ter como rota o caminho em frente quando a dor é tão intensa, quando fazer o correcto e o que toda a gente espera que eu faça se torna tão torturante.
Insegura, hoje sinto-me insegura quanto ao caminho a seguir, entre escolher assumir o fracasso caminhando para bem longe sem nunca olhar para trás ou escolher continuar de espada em riste e armadura colocada batalhando por uma causa inglória na qual os principais visados nunca me darão o devido crédito se dela, algum dia sair vencedora!
É complicado sentir, é difícil de encontrar, é quase impossível de esquecer mas tão fácil de ignorar quando não somos nós que o enfrentamos!
Insegura, hoje sinto me insegura e por tal quero ter o direito de pensar só e apenas em mim, de ser egoísta e achar que a minha dor é a maior do mundo…nem que seja por um breve momento...
Insegura, hoje sinto-me insegura!

12.2.10

Menino dos meus olhos



Menino dos meus olhos que com esse sorriso derretes por completo o meu coração e apaziguas a dor que o consome com a inocência que dos teus olhos transborda.
Menino dos meus olhos, junto a ti encontro a paz que procuro quando o mundo lá fora enlouquece, sento-me por momentos ou durante horas vendo-te brincar ou brincando contigo, todos os problemas se minimizam e o resto do mundo fica suspenso por instantes.
Menino dos meus olhos que me reconfortas, que transformas tão habilmente o dia mais chuvoso no mais solarengo e me fazes sentir ter esse mesmo dia ganho cada vez que me presenteias com um beijo lambuzado de chocolate ou com um abraço inesperado.
Saberás tu por acaso que te encontras na fase mais abençoada da tua vida? Saberás tu menino lindo dos meus olhos que nunca mais a tua felicidade será tão instantânea, esse sorriso tão verdadeiro ou a tua vida tão despreocupada?
Não, não sabes, talvez por estares igualmente na fase mais desvalorizada e possivelmente mal aproveitada da tua existência pois desconheces a quão boa ela pode ser…
Por tudo isto, menino lindo, que cativa me tens desde que mais não sabias do que dormir, comer, berrar e babar, não tenhas pressa de crescer! Não queiras abdicar tão facilmente das brincadeiras, das birras despropositadas e das perguntas mais inapropriadas. Cresce bem devagarinho pois quando ingressares no “mundo dos adultos” esta será precisamente a fase cuja falta mais será sentida.
Menino dos meus olhos…não queiras deixar de ser criança! Assegura-te que em ti sempre haverá uma réstia de tudo o que hoje te define.
(Dedicado aos meninos dos meus olhos que tão docemente aquecem o meu coração...=P )

4.2.10

O que é a amizade?


O que é a amizade? Como se mede? Como se pesa? Como se define? A que se resume? Hoje dou por mim a interrogar-me…
Será que a verdadeira amizade apenas e só verdadeira quando convém a uma ou a ambas as partes? Será que não passa de puro oportunismo, de puro comodismo?
O que é a amizade, como se mede, como se pesa, como se prova? O mundo gira, a vida avança e eu dou por mim a perdida em novas realidades! As coisas mudam, por vezes tão rapidamente que se torna difícil não me ver apanhada pela surpresa que as mesmas me causam…
Recuso-me a acreditar novamente, recuso-me a ser amiga de quem parece não se importar com o facto de que o seja ou não, recuso-me a fingir q nada mudou, que atitudes não me decepcionaram, recuso-me a acreditar em desculpas vãs e vazias em conteúdo e sentimento!
Palavras são apenas e só palavras e sozinhas, de nada valem, nada provam, necessitam de ser acompanhadas de actos e atitudes, tempo dispensado, para de facto serem valorizadas.
Hoje não consigo ser a mesma amiga ingénua e inocente que conheces-te sempre pronta a ajudar no que fosse preciso, e isso, é algo que lamento profundamente! Não por ti, que hoje caminhas firme pelo teu pé esquecendo quem te estendeu a mão quando apenas gatinhar sabias, mas por mim…
Por hoje me mostrar incapaz de não olhar as pessoas que de mim se aproximam com desconfiança, por hoje ter medo de ser prestável, de ser VERDADEIRAMENTE amiga de alguém e de ter receio de novamente me sentir “usada” como lenço de papel que se usa e se deita fora.
Mas não! Não terás o gostinho de me fazer vacilar, de me veres deixar de ser o tipo de amiga que sempre tentei ser, desinteressada e sincera. Apenas não serei essa AMIGA para ti…contudo tenho que te agradecer, pois tu relembraste-me a importância de se saber separar o trigo do joio, de não se poder confiar tão rapidamente, tão cegamente, fizeste-me valorizar ainda mais aquelas pessoas que estão sempre ali quando levanto os olhos e olho em meu redor, apesar de todas as brigas, discussões e chatices, aquelas que continuam a sua caminhada de mãos dadas comigo, que não vacilam e desistem à primeira contrariedade …
Na capa preta ficará para sempre marcada a tua passagem pela minha vida, mas apenas e só os bons momentos, as risadas, as lágrimas outrora afagadas, recordações de praxes e noitadas de estudo ou nem por isso, as longas conversas…faltará para sempre o que poderia ter sido e não foi, a cumplicidade, a amizade para uma vida…

2.2.10

Quero...

" Quero escrever pelo simples prazer de escrever. Quero sorrir só porque sim, ouvir musica a altos berros, dar piruetas, dançar de olhos fechados, dar pulinhos de felicidade e sentir a chuva cair de mansinho na minha cara.
Não quero esconder nada do que penso ou sinto nem me refugiar na apatia, não quero fingir mais que os meus problemas não me vergam as costas e não me dificultam a tentativa de olhar em frente, muito menos me quero socorrer de sorrisos fingidos para evitar olhares piedosos.
Fecho os olhos, respiro fundo, quero entrar na luta e não me deixar dar por vencida, encontrar alegria em pequenas coisas, em gestos insignificantes. Quero ser o pequeno, mas teimoso barco que audaciosamente enfrenta a tempestade e a vence quando em bom porto consegue atracar.
Não quero perder tempo em análises, em demandas pelos porquês nem tão pouco esperar que o carrossel de emoções pare e que as tonturas e vertigens passem. Não pretendo lamentar a perda da felicidade passada e muito menos perder tempo fazendo previsões do que um dia poderia ter sido ou como poderia ter ocorrido
Quero viver o meu agora, o melhor que souber, o melhor que puder, aproveitar cada minuto gastando-o em tudo o que me dá verdadeiro prazer, faz sorrir os meus olhos e aconchega a minha alma
Quero ser Feliz AQUI e AGORA, apenas porque posso, apenas porque somente de mim depende…"

22.1.10

Estado de espírito


Sentada a uma mesa, perdida em pensamentos sinto-me deslocada, no lugar e no tempo. Nada parece ser meu, nada parece fazer grande sentido, cenas quotidianas outrora tão rotineiras e monótonas parecem-me hoje ridículas, tudo me soa a estranho.
Observadora experiente, abstraio-me do barulho e distancio-me das conversas, dos que me rodeiam e tento analisar a cena de fora. Conversas fúteis e sem o mínimo interesse são tidas e coisas realmente importantes de serem ditas, de serem ouvidas são caladas, aprisionadas na garganta, para sempre talvez!
No fim cada um irá para seu lado, sem saber quando se voltarão a ver, sequer se de novo se verão.
De novo apenas concentrada nos meus pensamentos apercebo-me da fragilidade de tudo que me rodeia, de relações, amizades, acções ou palavras. Não consigo deixar de visualizar cada pessoa que enche aquela sala como simples marioneta, manipulada nas mãos hábeis de um alguém desconhecido, desprovida de qualquer vontade própria, agindo apenas porque assim foram “programadas”, cingindo-se a rotinas e hábitos, simplesmente porque toda a vida somente isso fizeram, só isso viram ser feito, incapazes de se libertarem e procurar novos horizontes, novas vivências, novos valores e, se algum audaz tenta cortar as amarras que lhe dificultam os movimentos e romper com aquela letargia é olhado de lado, de modo desconfiado e tido como insano.
E é nestas rotinas do dia-a-dia que coisas importantes e coisas insignificantes trocam de papéis, as primeiras são subvalorizadas, as segundas valorizadas em demasia. Dinheiro, status e bens materiais tornam-se nas metas a atingir, no objectivo de uma vida inteira. Re
lações interpessoais são estabelecidas com prazo de validade predefinido e desde do início se espera que fracassem e como tal o investimento de parte a parte é mínimo ou até mesmo nulo.
Na azáfama diária amigos se desencontram, amores acabam por falta de tempo, de paciência talvez. Pouco importa no mundo capitalista em que vivemos outros haverá para os substituir, seja apenas por puro interesse de um dos lados ou por “dar jeito” a ambas as partes, ou pela incapacidade do ser humano existir isolado da sociedade.
Com o passar dos anos, as pessoas crescem, as responsabilidades aumentam, os sorrisos sinceros e os momentos de puro prazer diminuem e diluem-se no ar, feito fantasma.
Amigos, amantes, filhos são tidos como apoios certos em momentos de dificuldade, mas muitas vezes também estes se encontram aprisionados nas suas vidas onde o materialismo é dono e senhor e se mostram incapazes de ajudar, e é desta forma que acaba toda uma vida de trabalho e esforço de alguém com uma bonita casa, uma conta recheada no banco mas completamente sozinha! Esquecida pelos seus entes queridos naquela casa outrora tão acolhedora e cheia de vida ou então abandonada num lar entre desconhecidos com a mesma sorte, apenas podem contar com o auxílio de estranhos.
Será talvez por tudo isto que não me inibo de dizer o quanto gosto das pessoas (mesmo sabendo o quanto um amo-te ou adoro-te se tornou banal, as palavras ocas e vazias de significado e sentimento) que aproveito todas as oportunidades para distribuir abraços (para mim, a personificação daqueles momentos de puro prazer), que não desisto de amizades sem pelo menos lutar por elas.

Mas tenho a perfeita noção que mais tarde ou mais cedo também eu serei incapaz de resistir a não integrar esse ciclo vicioso que personaliza a sociedade actual, pois parece algo inato no ser humano.