23.12.10

o texto que nunca te invi(ar)ei


Hoje, todas as linhas escritas, todas as palavras sentidas, todo o sentimento reprimido me parecem tão insignificantes, tão
idiotas....leio e releio textos que sei serem meus e recordo todas as lágrimas
caídas durante a sua composição...mas a recordação é vaga, como se as memórias
fossem de outro alguém, como se de um sonho se tratasse e daí resultar algo tão
dúbio...
Leio uma vez mais todos os textos onde em vãs e toscas tentativas
tentei encobrir a verdade, leio e não consigo evitar rir-me de tamanha estupidez!
Hoje olho para trás e não encontro as razões que justifiquem as palavras, o
sentimento, a confiança e segurança. Recordo vagamente de um dia já ter sido
capaz de as enumerar, de apontar todas e cada uma delas, claramente...mas se as
procuro entre os traços largos do presente apenas me deparo com esta sensação de
estupidez pura e simples.
Estupidez nas palavras, nos actos, nos
sentimentos, nas ilusões e esperanças. Estupidez e ingenuidade na atitude
tomada, ingenuidade tão característica dos que trilham pela primeira vez terra
desconhecida e a estupidez que caracteriza o amor! Se amamos, se realmente
gostamos, agimos como genuínos idiotas, mas também se assim não fosse amor não seria
amor.
Hoje tudo parece não ter passado de uma grande estupidez, ter exposto
assim todas as dúvidas, todos os receios e sentimentos, parece mas não foi pois não
retiraria uma vírgula por mais parvo que fosse, era apenas o reflexo do que
sentia por ti, se tal o fizesse trairia a minha forma de ser e estar no mundo,
sou sincera acima de tudo, mesmo quando as palavras proferidas não têm eco em quem
as ouve, mesmo quando o silêncio de quem as acolhe me dilacera o peito e hoje,
negar todas as letras, palavras e textos seria minimizar todos os momentos,
todos os sentimentos e todas as aprendizagens.
Hoje, se algo existe a
lamentar, é não ter saído uma paragem mais cedo do comboio de emoções que o teu
nome acarretava, uma não, várias!!! Pois hoje, todos os motivos e razões que me
fizeram permanecer em tal rodopio de sentimentos parecem mentira ou pelo menos,
não se mostram suficientemente significativos para tal atitude, não de ambas as
partes. Mas não foi em vão, nada o é, se dos destroços de uma amizade nada se pode
aproveitar pelo menos a experiência permanece, qual sentinela atenta a qualquer
tentativa de repetição de erros passados.
Agora de todo esse emaranhado de
dúbias emoções apenas tristeza e pena restam por ver em ruínas algo que julguei
tão nosso, tão verdadeiro, tão importante para ambos, por ter que admitir que não
és mais um porto de abrigo das tempestades da minha vida, a palavra certa em
momento oportuno e não seres mais do que capítulo fechado no livro da minha
vida...
Se estou magoada? Estou. Desiludida? Muito, mais do que contigo,
do que comigo...connosco, por não termos sido capazes de manter viva a causa maior
sem a qual nada teria e valeria a pena!


"O amor é o mestre admirável que nos ensina a ser o que nunca fomos, mesmo que muitas vezes as suas lições mudem completamente os nossos costumes" - desconheço a autoria